quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Cabeça Vs. Coração


Comportamento. Quem compra o quê? Por quê? De que jeito?
Como disse Alex Periscinoto (publicitário, um dos fundadores da Almap), “se há lugar em que a teoria da relatividade se mostra em toda plenitude, é na avaliação de determinados comportamentos humanos.”
Comportamento humano. Que raio de coisa é essa? Quem decifra? Quem saca e se dá bem por isso?
Tem gente que faz leituras das falas, dos gestos, dos textos, de tudo mais. Em boa parte das vezes saca tudo de maneira furada, e leva por certa. E passa pra frente. Deus... Perdoai-os, pois não sabem o que fazem.
Falemos da complexidade? Não. Mas falaremos. Outra hora.
Agora não há saco nem capacidade. Envergadura intelectual o suficiente. Por enquanto. (Fica aqui a dívida registrada do “post complexidade”).
Sabe onde mora a chave de tudo isso? Fica mais ou menos no meio do seu peito. Costumava-se dizer que era do lado esquerdo. É. Aí mesmo onde você pensou. Você não é uma máquina.
Porque a Harley-Davidson vende tanto? Porque lucra zilhões e constrói a cada dia sua marca e a deixa entre as maiores e mais valiosas do mundo?
E quase numa relação “vende mais porque é fresquinho ou é fresquinho porque vende mais”, a Harley é a Harley. E vice-versa.
É coração, meu querido. É isso que faz toda a diferença. A grana e tudo mais tá em segundo plano. Vem por conseqüência. Em todo e qualquer campo.
Quem vai até uma das lojas Harley-Davidson não quer comprar uma moto. E como bem disse o Periscinoto, a Harley não é uma moto: é um mito sobre rodas, uma lenda. Quem compra uma Harley compra um comportamento. Uma postura. Quem anda com uma dessas não se locomove: faz um discurso não-verbal. Absolutas verdades, grande Peri. “Tenho uma HD. Sou rebelde, sou livre, sou o cara” – e confesso, às vezes eu acredito nisso. Mesmo quando personificados em velhos barrigudos, vovôs, levando a secretária na garupa pra um “congresso em Minas”. Não só porque sou fã do design e do ronco das motocas: mas por ser fã da atitude.
Se no momento de uma compra o cara fosse só a cabeça, ele comprava uma moto japonesa. Mais tecnologia, mais economia, mais velocidade. Num design que É lá essas coisas. Mas acontece que estamos falando de coração. Quando se fala desse cara, aí a Harley sova a concorrência oriental. E ocidental, e marciana, e etc.
Anos de construção de marca. De personalidade. Ditando o que é certo ou não nesse mercado e sendo seguida. Ou não. Mas enfim, numa postura firme. Posicionamento. Na mente das pessoas, mas principalmente no coração.
Esse é o jogo. A essência. Eu busco isso. (Não a Harley, ou melhor, não só a Harley. Mas o caso é fazer uma Harley ao invés de 200 Kasinski – me perdoe a kasinski, que também é uma graça). Fazer tudo de coração.
Porque quando se faz de coração, queridão, faz-se melhor. Romantizadamente. Mais caprichado. Faz-se com amor. Faz-se lovemarks.

Que pasa? (como o Calsa, coisas que aprendi desde o último post)
- Donos de Harley-Davidson podem ser malvadões de faz-de-conta.
- Velhões barrigudos de escritório tem chances maiores de ter Harley do que carinhas de 20 e tantos.
- Fazer de coração é sempre mais maneiro.
- Fábulas podem ser muito próximas da realidade.
- E podem ser escritas em poucas páginas de Word.
- O mundo arródia, meu velho.
- Fale se você quer ouvir. O contrário também funciona.


Osso...
- pra relaxar: Pantera – “walk”
- pra agitar: Beto Barbosa – “adocica”